Ola pessoas, esta historia foi contada pelo Arthur em um grupo que participamos no FB. Achei muito interessante, e com a autorização dele, resolvi postar aqui pra vocês. Espero que possa inspirar e ajudar pessoas que como ele também queiram estudar medicina em um outro país. Vamos a historia!

Todo mundo chega lá com o mesmo sonho em
fazer medicina, achando que a UBA caiu do céu, foi assim q eu cheguei aqui. Já
que é federal, não tem vestibular e ainda tem até prêmio Nobel, parece até o
paraíso.
Com similitudes, a minha história terminou
triste, digamos... Cheguei em Buenos aires em Junho de 2011. Por intermédio de
uma assessoria, cheguei ao pais de Los Hermanos sabendo dizer somente Hola! Que
tal? Não pude fugir das minhas raízes tupiniquins e fui logo morar com meus
conterrâneos. Buenos Aires foi amor à primeira vista... Eita cidade bunita sô!
Conheci e conheço várias pessoas que
fizeram alguns anos na UBA e caíram fora, por múltiplos fatores: saudade da
família, dificuldade de adaptação a faculdade, burrice, preguiça entre outros…
Queria conhecer uma pessoa que se forma na UBA em menos de 9 anos, 10 anos, a
média lá é essa! O lema da UBA é: aluno autodidata se forma, aluno preguiçoso
fora! Porque não tem aula como no Brasil, lá o aluno tem que se virar sozinho.
No meu primeiro dia de aula na UBA, deu
para perceber pela roupa que metade da minha sala era composta por brazucas. Eu
achei um máximo! Poderíamos montar grupos de estudo, conversar em português e
não se sentir tão sozinhos aqui.
As aulas eram relativamente boas, todas em
espanhol claro mas, quem fez aula de espanhol antes, como eu, se deu bem! Eu
entendia tudo e tive uma nota boa na prova, algo que eu jamais acreditava
possível. Mas a saudade piorava a cada dia. E era saudade de tudo: comida, mãe,
pai, irmã e cachorro! A estranheza a um povo diferente, comida sem sal e
episódios de xenofobia me davam medo e força ao mesmo tempo. Os argentinos
teriam que me engolir!

Malandro a gente vai encontrar em qualquer
lugar, porém a metodologia de ensino de uma privada é a mesma da UBA: sem
professores, aulas sendo ministradas por ajudantes, provas decoreba que inclusive
você pode comprar na banca uns modelos que terão muitas perguntas iguais na sua
prova. Então tem que ralar sozinho seja na UBA ou em uma particular. Mas há
aqueles que não querem perder uns meses de vida "social" para ralar e
passar no CBC, pois exige muito do aluno principalmente pela dificuldade do
idioma. Porém há também aqueles que querem realmente e chegam determinados a
estudar e aprovam!
A esperança e a certeza de que eu estava
fazendo algo por um bem maior me ajudaram a suportar a saudade e as aceitar as
diferenças. Mas não foram suficientes para apagar as tristezas. As outras
provas revelaram quem realmente era bom e quem não estudava. Eu aprovei mas
muitos dos meus amigos não. Eles estudaram o mesmo que eu, um deles até era
mais aplicado e não aprovou.
Cursei outras matérias conseguintes. As
aulas foram piorando e as provas ficando cada mais difíceis. Depois de passar
estudando muito toda a cursada, descobri que eu não aprovei! Para mim foi um
choque porque eu nunca reprovei nenhuma matéria, nem mesmo nas tantas vezes no
Brasil que eu fazia provas sem ter estudado.
Daí resolvi ir para uma privada pensando
que a coisa iria melhorar e que eu teria aulas com professores qualificados. O
primeiro mês foi quase uma maravilha, tinha professores de Embriologia e
Biologia Celular que apesar de não serem muito didáticos eram o top do top!
Aprovei acima da média, um sucesso!
Até que começamos as aulas de Anatomia,
Histologia que não tínhamos professores. Eram alunos de 2°, 3° e 4° ano que
ministravam as aulas. Mas daquele jeito como vocês imaginam... pelos coco! Eu e
meus companheiros não entendíamos nada, as notas das provas eram um horror!
Muitos desistiram antes do meio do ano!
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É verdade que a Argentina, em questões de
medicina humanitária, o Brasil nem se compara. Mas, também é verdade que com
ideais tolos você não vai conseguir revalidar o diploma, e nem exercer a
profissão no Brasil. O princípio básico da medicina, é salvar vidas, mas, não
vamos ser hipócritas em dizer, que entramos no curso, dedicando tempo e
dinheiro, com o intuito de trabalhar de graça.
Em níveis se ensino, as públicas da
Argentina, se equiparam ao Brasil. A UBA por exemplo, é a única universidade da
América Latina a ter cinco Nobel, dois deles de medicina. Minha opinião é a
seguinte: Se seu objetivo for trabalhar no Brasil, e tiver condição de pagar
uma particular, é melhor estudar no Brasil. A revalidação do diploma é difícil,
demorada e cansativa. Muita gente desiste, e acaba por trabalhar
clandestinamente no interior. O que é mais perigoso ainda, pois essa ação abre
caminho para muitos vigaristas em busca de um dinheiro fácil.
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Mas, se seu objetivo for exercer a
profissão na Europa, aí sim, faça na Argentina. Muitas faculdades têm convenio
com outros países, sem contar que nos países que você precisa revalidar o
diploma, nem é tanto burocrático quando no Brasil. Um médico europeu, no começo
de carreira, ganha de cinco a sete mil euros, é muito mais valorizado do que no
Brasil e as condições de trabalho são bem melhores. Eu mesmo estava me
aventurando nessa ideia!
Hoje, eu me despido daqueles que ainda
acreditam nesse presente de grego, e também dos que fizeram da minha vida aqui
mais feliz. Daqui vou levar experiências para toda minha vida, pessoas
incríveis e amigos para toda vida! A minha vida é mesmo no Brasil, com ou sem
vestibular. É esse o país que me faz sentir mais humano e valioso! Com todos os
problemas e dificuldades.
Sorte para quem se aventura a estudar na
Argentina!
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